Match Point

Autor : rabreu
Data : Feb 25, 2021
Categoria :

Dar formação é uma atividade muito desgastante pois, em última análise, o responsável máximo pelo sucesso ou insucesso do nosso trabalho deve-se a nós próprios. Costumo utilizar a metáfora do ténis para explicar melhor esta angústia do formador. Assim, tal como no ténis, enquanto desporto individual, quando falhamos uma pancada que, nos treinos, conseguimos executar bem, no mínimo 100 vezes, ficamos furiosos, não com o adversário ou com o vento ou com a raquete, mas connosco. COMO É POSSÍVEL FALHAR ESTA PANCADA? E não estou a falar daquela jogada em que o adversário coloca a bola de uma forma que é quase impossível ripostar, mas sim daquela pancada fácil que o jogador de ténis treinou até à exaustão e, naquele dia, quando era preciso aparecer, falhou. Na formação é exatamente igual, podemos preparar bem uma sessão com um plano de sessão que prevê todas as situações, construir os recursos didáticos mais apelativos, as estratégias mais adequadas à criação de um bom clima de aprendizagem, até ensaiarmos em frente a um espelho. Contudo, no dia da sessão, as coisas não correm tão bem porque não conseguimos atingir os nossos objetivos e desanimamos porque pensamos COMO É POSSÍVEL QUE TENDO PREPARADO TUDO TÃO BEM, A SESSÃO NÃO CORREU COMO EU QUERIA? Como lidar com esta angústia de formador/tenista? Provavelmente admitirmos que não conseguimos controlar todos os elementos que envolvem uma sessão ou que podemos errar. Nem sempre o insucesso se deve ao formador, aos formandos, ao mau funcionamento dos equipamentos, às más condições da sala ou da plataforma, ao horário em que decorre a formação, mas talvez a todos estes fatores. O importante é percebermos que o insucesso vai acontecer e estarmos preparados para aprender e evoluir com ele, ou seja, mais do que as vezes que caímos, o importante é a rapidez com que nos levantamos e aprendemos a não cair de novo. Pelo menos daquela maneira. E sobretudo nunca pensar apenas no match-point mas sim em todos as pancadas que temos que dar para o atingir ou seja, trabalhar para atingir os objetivos pensando sempre em cada momento ou degrau que necessitamos de subir para o alcançar.